Relato do LEGOWorld 2007 – Dia 03

Mais um dia de evento em que as novidades começaram a rarear. Já vimos praticamente tudo e começamos então a tentar observar com mais atenção e conversar com os criadores. A apreciação e valorização dos trabalhos é completamente diferente quando é adicionada dois dedos de conversa. Pormenores e algumas características que não são evidentes são vistos e muitas das vezes perguntamo-nos porque é que não chegamos à mesma conclusão antes.

 

NXT na LW

 

Por exemplo, o conjunto de trabalhos construídos pela Jenna não nos pareceram grande coisa quando vistas separadamente e desenquadradas do seu contexto. Valem pela originalidade e quando enquadradas o seu valor é bem mais alto. A maior parte dos visitantes apontavam estas construções como mais próximas da arte do que do brinquedo. Muita gente lhe perguntou também se eram trabalhos comissionados pela LEGO ou pelas entidades responsáveis pelos edifícios. Todas as construções estavam devidamente identificadas com um pequeno texto em holandês e inglês, onde era referenciado não só a estrutura que serviu de inspiração principal como todo o ambiente religioso ou místico por detrás da construção. O que pareceria uma construção à sorte ganha um valor e significado maior quando uma pessoa percebe o porquê e todo o contexto que está por detrás. Este foi sem dúvida um dos displays mais apreciados pelos visitantes.

 

Jenna work

 

As nossas construções, apesar de pequenas, também despertavam a atenção dos visitantes. A Torre de Belém despertava atenções principalmente no pessoal quarentão, mais viajado, que reconhecia imediatamente a construção e o país. A Casa Minhota chamava pela quantidade de pormenores e pelo colorido da construção, as galinhas e as vacas foram um sucesso naquelas bandas. Claro que as perguntas e comentários surgiam naturalmente e foram travadas várias conversas com os visitantes maioritariamente adultos, visto que a conversa com os mais novos estava condicionada pela nossa falta de conhecimentos da língua holandesa.

No entanto, a Tânia ainda teve oportunidade de experimentar o calçado típico do país.

 

Calçado

 

 

Durante o almoço era distribuída a newsletter do evento para os voluntários e expositores. Era em holandês com uma ou outra mensagem mais importante em inglês. Compreende-se não haver uma versão em inglês porque era feita diariamente e não havia tempo a perder. De qualquer forma, toda a gente ajudava a traduzir as partes mais importantes e mesmo parte da informação era de fácil entendimento. Um ponto engraçado era em que cada newsletter havia uma parte de umas instruções que no final se revelaria um pato de puxar. Versão em peças LEGO do famoso patinho de madeira.

Foi também dia de voltar à cidade. Visitar com mais atenção e fotografar os Markets Streets  (edifícios) que a povoavam. Havia uma pequena feira no centro. Feira esta um pouco diferente das nossascom muita mais comida e muita menos roupa.

 

MS lá do sítio

 

Deu para aproveitar e dar um saltinho na internet na biblioteca local. Podemos viver num país mais pobre, etc e tal, mas parece-me que o acesso de um portátil a uma rede gratuita é muito mais vulgar nas nossas bandas que na Holanda. Para terem uma ideia o acesso à rede wireless no interior do edifício da LEGOWorld, para todos os dias do evento, ficava em mais de 70.

A Mel, em serviço para o BrickJournal, também se mostrou incansável, falando com toda a gente e anotando sempre alguma coisa. Sempre interessada nas diferentes perspectivas dos AFOLs sobre os mesmos temas. A boa disposição também é uma das suas imagens de marca. 

Tivemos oportunidade durante o lanche de passar uns momentos hilariantes com ela e com o Janson Railton, sempre pronto para a risota com o seu humor britânico. Ficamos a saber que existe na Alemanha uma marca de leite achocolatado que se chama Plops. Como sabemos em inglês existem vários verbos e substantivos que são onomatopeias a partir daí dá para imaginar o que são plops 😀

 

Tânia e Mel

 

Antes do jantar tivemos direito a uma promoção de arromba. A LEGO iria vender sets abertos, amolgados, estragados ou qualquer outra coisa a preço de banana. O pessoal (voluntários e expositores) concentrou-se à entrada de um dos pavilhões à espera do sinal de partida. Dado o sinal de partida o efeito foi o mesmo de um estouro com touros, com o pessoal a correr e a atropelar-se para chegar às palletes de caixas LEGO. Via-se de tudo, desde DUPLO até Technic. Vi vários 8421, 7898 e por aí a fora. O preço era dado na hora pelo responsável da LEGO na Holanda, portanto nunca sabíamos o que iríamos pagar por um determinado set. Por exemplo pagamos 15 por um 7905 em que faltavam algumas peças. O estranho, ou talvez não, foi o pessoal também levar tudo o que havia de DUPLO. Acho que os Bionicles e Exo Force foram os sets mais difíceis de escoar. Além destes conjuntos também um dos pick-a-brick estava em saldos para os voluntários e expositores. O preço da grama passou de 7 cêntimos para 5 cêntimos. Com isto tudo, numa próxima vez temos que ir com mais dinheiro e, principalmente, mais espaço na bagagem

 venda de sets

Ó nós ali ao fundo do lado direito da carrinha. E a Megan e o Mark ao centro, a verificaram se o set estava completo.

Nesse dia, ao jantar, ficamos na mesa dos italianos e com dois LEGO Designers, um de Star Wars e outro de Technic. Foi muito divertido e aproveitou-se a oportunidade para discutir algumas impressões com os Designers. Não, não diziam nada sobre novos produtos e o pessoal, por cortesia, também evitava fazer esse tipo de perguntas. Fora isso, conversavam bastante e aprendia-se bastante sobre os sets e sobre o trabalho deles.

Durante o jantar tivemos a oportunidade de assistir à apresentação do LEGO Designer Star Wars. Mais propriamente o holandês que desenhou os battle packs de 2008. Mostrou as várias fases de desenvolvimento desses dois sets explicando o porquê de algumas escolhas. Explicou também a concepção dos sets. Desde o briefing inicial até ser dado como pronto por várias equipas. Normalmente é apresentado ao LEGO Designers um projecto onde já estão definidas várias características do futuro set, o chamado briefing. Este briefing por norma é obedecido à letra, portanto o trabalho do LEGO Designer é bastante difícil porque a criatividade terá que ser limitada a esse briefing. Depois disso outras equipas metem o bedelho no projecto. Desde o resultado dos testes com crianças, o pessoal que se dedica à segurança dos produtos, o pessoal que desenvolve os livros de instruções, pessoal do marketing e por aí a fora. Alguns dos produtos são mesmo desenvolvidos a pensar na prateleira x da loja y e por aí podemos imaginar o porquê do aparecimento de determinados sets. Houve também sessão de perguntas e respostas onde vi uma das minhas dúvidas desfeitas.

Depois de tudo, foi recolher ao bungalow. Mais uma vez só tínhamos o Yvo como colega. O cansaço já começa a ser notório. Vários dias seguidos sempre a correr e a descansar o mínimo começa a fazer as suas mossas, para além disso a Tânia já estava a chocar uma constipação.


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