Ir – Ou, Uma Viagem à Lego Direct em Slough, GB – II

Após bastantes horas ao telefone com o Mecco, moendo a cabeça com questões comunitárias importantes (sagres ou super bock? Hum?), e obviamente atacados os dois de uma insanidade temporária, decidimos ir a Londres numa operação-relâmpago. Os objectivos foram definidos assim:
– conhecer as actividades da LEGO Direct, por dentro (aproveitando um convite muito gentil);
– adquirir uns artigos muito pontuais; ver em primeira mão outros, para saber da sua utilidade;
– “mapear” o Guia do Comprador para os nossos camaradas que visitem a Londres;
– testar a logística de uma deslocação LEGO: pontos críticos, riscos, etc.
Inicialmente chegou a haver a intenção de ir a Windsor, não ao parque mas à loja, intenção essa que foi abandonada após constatação da sua redundância.

A viagem foi prevista para durar algo como 40 horas. O vôo foi sem história, o processamento à chegada foi rápido, o automóvel não pediu mais do que uma habituação “soft”, e pouco tempo depois estávamos na estrada mais congestionada da Europa, a M25. Onde vimos o que é um engarrafamento de gente grande. Até foi bom: permitiu afinar a condução, permitiu ao Mecco uma abordagem outdoors à digestão, permitiu verificar que nada como levar a música de casa.
De resto, o GPS foi-nos guiando sem problema, e pouco depois chegámos a Slough.
Um parêntesis: conhecem a versão original da série “The Office”? Passa-se lá. Foi votada como a localidade mais feia do Reino Unido, e apesar de ter mais habitantes que Coimbra, parece uma estrada interminável cheia de armazéns e escritórios. Credo!
Foi nessa estrada interminável que o GPS se enganou. Por muito. Fomos parar ao Paquistão, ou pelo menos a um parente próximo…
Emendado o erro, lá chegámos à LEGO Direct, onde fomos recebidos com uma tremenda dose de simpatia. Deu para ver que a equipa trabalha bem, que tem umas condições de trabalho atípicas (pela positiva), e que nós lhes podemos facilitar muito a vida sem complicar a nossa. Ah: eles conhecem-nos.
Tivemos direito a uma apresentação powerpoint que nos permitiu conhecer não só o funcionamento interno da LEGO Direct, como também compreender melhor o organigrama das outras divisões do grupo. Tivemos ainda direito a ver um documento muito interessante – uma análise de comportamento dos clientes, de que eu destaco a relutância dos portugueses em reclamar.

(discurso ON)
Reclamar é importante; reclamar ajuda a corrigir. Reclamar educadamente não é fazer pouco dos funcionários da LEGO – é contribuir para que eles saibam o que está a falhar. Instruções amarfanhadas? Reclamem. Peças em falta? Reclamem. Peças com variações de cor ou textura notórias? Reclamem. Entrega em caixote danificado? Reclamem (a LEGO reclama depois com a transportadora). Reclamar é preciso.
(discurso OFF)

Assistimos a atendimentos, escolhidos de forma aleatória. Vimos ao vivo e a cores como funciona o sistema de gestão de contactos da LEGO Direct – quer para reclamações de pagamentos, quer para pedidos/identificação de elementos. O sistema é muito bom. O protocolo interno também.
Vimos ainda a “vitrine”, um espaço que a equipa de atendimento tem ao seu dispôr com todos os sets no mercado. Útil! E deu um jeitaço para ter na mão alguns modelos que estava indeciso em comprar ou não.
Ficámos a saber que lá já viram, e possivelmente usaram, o LEGO Universe… mas não abriram o jogo, a não ser para dizer que deve ser um estrondo.

Com muita pena nossa, lá viemos embora. Havia ainda uma tarefa para cumprir nesse dia, e não era perto.
Dirigimo-nos à loja LEGO Bluewater. O objectivo era fazer um par de aquisições, aproveitando distorções muito pontuais proporcionadas por preços anormalmente baixos em libras (não foi só a jogar com o câmbio – era mais do que isso). O volume foi deliberadamente contido. Ainda pensei em trazer os jogos de tabuleiro, mas a caixa é importante e não cabia inteira na bagagem. Depois das compras, retirada rápida – uma das peculiaridades dos shoppings ingleses é fecharem tardíssimo… às 21h00. Leram bem. Quem quer ir ao cinema, que chegue cedo!

Ora, são nove da noite em Londres… vamos fazer o quê? Queremos dormir, aqui perto não há hotéis… só um na auto-estrada, mas é caro demais (e frequentado de forma bastante suspeita por homens, somente). Solução: ligar para casa, para a minha agente de viagens privativa, e pedir que ela fizesse a marcação às cegas, com os meus dados. Já estávamos no comboio para o centro de Londres quando a confirmação chegou (e a morada do hotel, eheh). Ah, a internet!
Hotel baratinho e limpo, noite sossegada, e bem cedo de manhã – rua! Corremos a pé a maior parte de Westminster e ainda fomos à City propriamente dita, enquanto matávamos tempo para ver uma outra loja importante no nosso roteiro – o Hamleys. Não era pelos preços, atenção, e nem sequer pelo LEGO. Era por tudo mais – para tomar notas de todo um outro conceito de loja de brinquedos. Há lá uma coisa que podiam ter em Portugal: mais do que empregados na caixa, a loja tem demonstradores, que autenticamente puxam os clientes para si, e promovem os brinquedos… brincando!
Foi giro correr o West End e tomar notas sobre pormenores arquitectónicos aparentemente banais. E ver as pessoas; a palavra “cosmopolita” tem ali um expoente máximo.
Agora chega de publicidade a Londres.

Lá apanhámos novamente o comboio para o subúrbio, pegámos no carro, e rumámos ao aeroporto. Mas – e há sempre um mas – além do trânsito, agora havia obras no nó mais critico de todo o caminho. Obrigou a mais de uma hora numa estradeca de terceira categoria (ao menos passámos em Epping Forest!), e quando tudo parecia terminado – a 2km do aeroporto, só faltava uma rotunda – voltámos por engano à auto-estrada e fomos forçados a fazer mais 50km. O Mecco prestes a explodir com stress por causa do vôo, eu a olhar para o ponteiro da gasolina… mas lá chegámos perfeitamente a tempo, apanhámos o vôo (que chegou antes da hora), e ainda deu para ficarmos baralhados com a condução à direita.

Dos objectivos:
– A LEGO Direct ficou conhecida. Os métodos foram compreendidos e serão explicados à Comunidade.
– Os artigos pontuais foram adquiridos (eu até comprei um para arredondar a conta); a utilidade de outros foi avaliada, bem como os preços. Comparámos o panorama inglês com a realidade na S@H portuguesa, e concluímos que as vantagens eram limitadas.
– O trânsito entre lojas “interessantes” em Londres só se pode fazer de duas formas: ou de carro, ou com um browser. Fazer compras no centro sai caro e andar de metro com elas é desconfortável. Os pontos para usufruir saldos exigem mesmo automóvel.
– Andámos de avião, automóvel, comboio, metropolitano, e por pouco não andámos de autocarro. Isto numa das cidades com uma rede bastante integrada e cujos preços, depois do choque inicial, até nem são assim tão estapafúrdios (as distâncias são maiores; e os passes servem para alguma coisa). Comprovámos que algumas coisas são impraticáveis, outras são limitadoras. O automóvel é muito bom para comprar LEGO, mas péssimo para qualquer outra deslocação (paradoxal?). Compensa encaixar uma “manhã LEGO” numa visita a Londres, mas só se se souber onde interessa ir, o que interessa comprar, e os horários dos transportes; e isto ignorando Windsor! Mas para quem viaja Low Cost… esqueçam as compras. Gozem a cidade, que o LEGO de cá é igual!

Sobre a logística, pode ainda dizer-se que o cumprimento de horários é vital. Nós gerimos uma folga colossal de duas horas, que por pouco não foi suficiente para acomodar um simples engano – conclusão, não pode haver enganos, tudo tem de estar afinado.
Estas conclusões já foram de resto postas em prática em mais uma viagem comunitária (Madrid). O Mecco deu provas de mestria a gerir uma deslocação ainda mais apertada no tempo. E isso é lição bem estudada.

Next stop: Billund!…

… ou será que há mais?

Pedro


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